Se os adultos tivessem ideia mais clara de como é assustador
para uma criança ouvir críticas destrutivas, carregadas de
raiva – às vezes aos gritos – das pessoas que amam,
talvez fossem mais cuidadosos em suas broncas.
Enfurecidas – como a pingüim do livro Mamãe zangada,
da autora e ilustradora alemã Jutta Bauer, recém-lançado
pela Cosac Naify – algumas vezes as pessoas exageram.
E os pequenos se magoam. O problema é que, ao enfrentar
acessos de fúria (em geral dos pais), algumas crianças
podem se estilhaçar psiquicamente e os adultos nem sempre percebem.
Hoje de manhã mamãe gritou tanto que eu me despedacei
em pleno ar”, conta o pingüinzinho do livro. Depois disso, ele
já não podia gritar porque seu bico se perdeu nas montanhas;
nem voar, pois as asas foram parar na selva; também não conseguia
procurar a si mesmo porque os olhos estavam tão longe quanto
as estrelas. Estava perdido, impotente e sem direção. A mãe, porém,
ao se dar conta da dor que causou, vai aos confins do planeta,
recolhe o filhote aos pedaços - e pede desculpas. Afinal, é preciso
reparar estragos, unir o que se perdeu e costurar o que se rasgou.
Como um pequeno paciente comentou há alguns dias,
durante uma sessão de psicoterapia:
“Gente grande esquece que também é difícil ser pequeno”.
O livro de Jutta Bauer nos ajuda a lembrar.
Gláucia Leal
raiva – às vezes aos gritos – das pessoas que amam,
talvez fossem mais cuidadosos em suas broncas.
Enfurecidas – como a pingüim do livro Mamãe zangada,
da autora e ilustradora alemã Jutta Bauer, recém-lançado
pela Cosac Naify – algumas vezes as pessoas exageram.
E os pequenos se magoam. O problema é que, ao enfrentar
acessos de fúria (em geral dos pais), algumas crianças
podem se estilhaçar psiquicamente e os adultos nem sempre percebem.
Hoje de manhã mamãe gritou tanto que eu me despedacei
em pleno ar”, conta o pingüinzinho do livro. Depois disso, ele
já não podia gritar porque seu bico se perdeu nas montanhas;
nem voar, pois as asas foram parar na selva; também não conseguia
procurar a si mesmo porque os olhos estavam tão longe quanto
as estrelas. Estava perdido, impotente e sem direção. A mãe, porém,
ao se dar conta da dor que causou, vai aos confins do planeta,
recolhe o filhote aos pedaços - e pede desculpas. Afinal, é preciso
reparar estragos, unir o que se perdeu e costurar o que se rasgou.
Como um pequeno paciente comentou há alguns dias,
durante uma sessão de psicoterapia:
“Gente grande esquece que também é difícil ser pequeno”.
O livro de Jutta Bauer nos ajuda a lembrar.
Gláucia Leal
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